Powered By Blogger

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

caos




Todos os sons somem, algumas pálpebras se fecham sozinhas e o calor aumenta a cada segundo.
o sol já desapareceu dando lugar uma lua tão linda, grande e amarelada, mas ao mesmo tempo o céu enche-se de nuvens escuras e grandes e nelas eu vejo figuras nunca vistas trazendo o grito da finalização. Não sei dizer se é um berrante ou algo do tipo, mas a cada toque executado, milhares caem de tanta fraqueza adquirida.
Já consigo voltar a ouvir algo, as lágrimas que caem dos rostos em direção ao chão são mais quentes que o próprio verão e não chegam a cair no chão, evaporando de tanto medo. Alguns dos pares de joelhos se curvam em direção ao solo em sinal de rendição, mãos são erguidas aos céus, mas de nada adianta para eles.
Gritos de dor e piedade ecoam por toda parte e eu preferiria ficar sem audição neste momento. Jovens, adultos e crianças, todas em um mesmo segundo sendo dizimados e tomados pelo final de uma história incompleta. O que mais assusta é poder escutar os gritos das pessoas indefesas como, por exemplo, as crianças de colo. Interessante que os animais tomaram a capacidade de diálogo com os humanos e junto a todo caos vão sumindo aos poucos também.
De nada o dinheiro valeu à pena, de nada os presentes valeram à pena, por tão pouco os casamentos e conquistas nem um abraço e um beijo poderá ser dado ou recebido... Tudo retirado por uma legião de seres místicos que aparecem a cada momento mais e mais... Encapuzados, flamejando, montados em grandes quadrúpedes portadores de chifres e asas e dotados de uma casca quase que rocha, que no final substituiu o que conhecíamos por couro...
Alguns em uma tentativa não sucedida ainda tentam correr, deixando tudo para trás, inclusive suas vidas que vão sumindo a cada passo. Caem assim mesmo: De face no chão como sempre fizeram por toda a vida, só que agora será por toda a morte, quebrando tudo que lhe têm direito inclusive seus espíritos, que agora vão sumindo juntamente com as nuvens escuras e a linda lua que agora parece estar maior e mais brilhante.
Pecadores e não pecadores misturados como areia na peneira, sem distinção de hierarquia, idade ou qualquer coisa que seja. Braços, pernas, membros, lembranças e o resto todo, são decapitados sem muita força e sem muita pressa.
Não existem mais águas, flores, sabores, cores, línguas... Tudo se revertendo em pó, estilhaços, ficção e falta de audição que é o que torno a sentir... Só enxergo tudo e nada consigo dizer, pois as palavras escritas e discursos pronunciados de nada vão adiantar agora... E nunca mais.
Eu aqui parado estático... Quase sem respirar ou quase sem batimentos cardíacos, boquiaberto com toda essa bagunça... Pra falar a verdade a minha vida foi um livro lindo, onde todas as linhas escrevi com vontade, certeza e dignidade... Não vou me preocupar tanto assim...
Deu uma vontade de deitar nesse chão quente sabe? Pensar na quantidade de pessoas que eu pude fazer feliz... Abrir os braços, com a nuca estendida no chão e com um belo sorriso ver o final disso tudo já que agora não tenho mais corpo e tudo que me sobrou foi a gratidão.
Lá vem mais uma rajada do barulho assassino, mais uma legião de figuras brotando do chão quente e uma onda de fogo que agora cobriu tudo...

sapo _______________________________________01.02.13



Nenhum comentário:

Postar um comentário