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quarta-feira, 10 de julho de 2013

"amanhã vai ser maior"





Pintaram-se os rostos, as mãos e ao mesmo tempo o espírito. Abriram-se as mentes e começaram acordar de um sonho, onde o contexto não era tão agradável nem ao menos confortável.
Nas faixas vemos frases, cores e muito sentimento. Milhares de punhos fechados vão em direção ao céu fazendo complemento aos gritos de protesto que saem das outras milhares de bocas.
A pé mesmo, chegam vários... Do metrô mais um bocado e dos coletivos públicos mais ainda.
Deixamos de ser somente um cidadão ou dois cidadãos para sermos apenas uma voz e uma só vontade. Deixamos os documentos e crachás para outra ocasião, pois agora, nada disso nos  importa ou será usado.
Alguém viu fumaça... Seria uma fogueira indígena? Um ônibus? Ou apenas Eles com centenas de gases enlatados, querendo mais do que a simples “justiça”?
Ouvi falar que aqui há cavalos e uma tal de cavalaria também. Disseram que já vêm outros vestidos de preto e mais alguns que fizeram questão de “esquecer” seus sutaches em suas casas.
Máscaras, gritos de desespero, sirenes, capacetes e desmaios... Flashes dos fotógrafos que registram tudo aquilo que não conseguimos ver no momento.
A correria é sempre constante e sempre perdemos a conta de quantas vezes ficamos cegos.
Não vemos sorrisos, não ouvimos de onde vêm as vozes, mas todas as vozes agora podem ser ouvidas.
Disseram: “Vem pra rua!”
gritaram: “Fora Fulana!”... “Queremos mais disso e menos daquilo”. Quebraram a mesmice e agora somos mais do que temidos.
Alguns querem usar esse nosso poder para queimar a nós mesmos... Não causaram efeito pelo fato de não terem força o suficiente para isso.
Os Homens de preto e os outros colegas pensam que dominam a situação... Paramos por hoje e vamos nos preparar para que amanhã seja melhor, ou melhor, “amanhã vai ser maior” e amanhã vai ser melhor.
Somos da terra, onde cantam os sabiás...
Somos de um lugar, onde nem todos os sonhos foram concretizados e nem todas as crianças nasceram por falta de estrutura dos hospitais...
Somos daqui mesmo, do terceiro mundo ou submundo, onde os ratos ainda são pequenos e as cobras são rainhas às vezes...
Somos de uma casa, onde Eles querem jogar um pano branco encima de todos nós e em todo esse contexto...
De um país onde a Copa do Mundo foi executada e como troco, devolvemos uma salva de vaias.
Somos agora de uma terra, onde não calamos mais e esses vinte centavos poderiam ser o troco de bala e não o motivo de tanta bala, mas não são só vinte centavos... São as nossas balas e os nossos sonhos que eles querem roubar, juntamente com o nosso direito de viver, que pelo que vemos e vimos a algum tempo, nunca tivemos ou não tínhamos .

sapo________________________________________ 10.07.2013

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