Anotações de um barzinho

Na minha mesa, alguns palitos, uma lata vazia, restos de petiscos, um caderno pequeno, uma caneta azul... Os Novos Baianos “alguma coisa acontece no meu coração”, é o trecho que toca agora. Olho pra você e solto um sorriso bobo de quem diz “te quero agora, mas o momento tem de ser respeitado”. Você sorri de volta, querendo saber o que escrevo... Dei uma pausa junto com o fim desse som e agora escuto uma voz feminina e doce... Tiro do bolso um isqueiro verde e uma carteira de cigarros de palha... Olho para o chão e vejo duas garrafas de água mineral, alguns fios, pedestais e logo às minhas costas, algumas pessoas chegando aos poucos, encorpando este lugar. Vou pedir uma cerveja para matar o tempo, enquanto daqui vou olhando aos poucos e com a intensidade forte de sempre.
Um som não nacional, outro da terra... Cheiro de frituras, coceira no bigode, algumas palmas, pausas, sorrisos... A música que marcou uma passagem muito importante da minha vida: “você, é algo assim...”.
“... simplesmente exalam, o perfume que roubam de ti...” e uma gargalhada histérica do outro lado de quem já tomou algumas e outras. E “... meu coração, não sei por que, bate feliz quando te vê...” .
Esqueci as cervejas...
Uma moça simpática tirou a minha concentração: “bombom caseiro?”.
- Não, não... Muito obrigado.
- Eu que agradeço a atenção.
Chegamos às três páginas deste caderninho e não paro de pensar o quanto essas músicas respondem aos nossos momentos juntos.
A bebida chegou...
“... vamos fugir deste lugar baby...”.
♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪♫♪
PARTE II
(depois da cerveja)
(depois da cerveja)
“... Obrigada”, alguns aplausos e gritos
ecoando na atmosfera aos finais dos acordes.
Papeis de guardanapos com pedidos vêm chegando aos poucos, desafiando você e todo seu repertório. Um bêbado começa a cantar, desprovido de vergonha, livre e sem equilíbrio nas pernas.
Algumas bochechas já rosadas, algumas pitucas são jogadas fora e no banheiro não tem água devido ao racionamento duvidoso de Brasília.
Nesse calor de agora, “mas só chove, chove...”.
O que se passa pela minha cabeça? “nossa... que sorriso lindo é esse?”
O garçom veio trazer meu telefone que deixei carregando...
22h24min...
Vejo alguns casais de mãos dadas e eu querendo fugir daqui com você agora. Músicas que estão a tocas mil corações e trazendo os corais de barzinho ao local.
O violonista instalou-se numa viagem a um local desconhecido e ao solo, tocou todo o barzinho. Usou o dedo da vocalista como palheta e com suas 7 cordas. Brincou e cantou...
Depois de uma pausa, o garçom trazia um bilhete “30 minutos para acabar”, dizia o papelzinho. Vou preparando a comanda para partir ao som de Fulgaz. O groove soa como um vento forte que falta aqui agora.
Papeis de guardanapos com pedidos vêm chegando aos poucos, desafiando você e todo seu repertório. Um bêbado começa a cantar, desprovido de vergonha, livre e sem equilíbrio nas pernas.
Algumas bochechas já rosadas, algumas pitucas são jogadas fora e no banheiro não tem água devido ao racionamento duvidoso de Brasília.
Nesse calor de agora, “mas só chove, chove...”.
O que se passa pela minha cabeça? “nossa... que sorriso lindo é esse?”
O garçom veio trazer meu telefone que deixei carregando...
22h24min...
Vejo alguns casais de mãos dadas e eu querendo fugir daqui com você agora. Músicas que estão a tocas mil corações e trazendo os corais de barzinho ao local.
O violonista instalou-se numa viagem a um local desconhecido e ao solo, tocou todo o barzinho. Usou o dedo da vocalista como palheta e com suas 7 cordas. Brincou e cantou...
Depois de uma pausa, o garçom trazia um bilhete “30 minutos para acabar”, dizia o papelzinho. Vou preparando a comanda para partir ao som de Fulgaz. O groove soa como um vento forte que falta aqui agora.
A plateia sente que essa parte da noite
chega ao fim e mesmo assim o ânimo não acaba. O samba não para, as frituras não
param e lá atrás, outros cantam os novos baianos novamente.
“Gente, muito obrigado... A gente vai
ficando por aqui...”, “valeu gente, muito obrigado...”, “a saideeeeêra!”.
E lá se vai o último som de hoje, deixando
um gosto apaixonado no ar para todos os presentes, embolado num clássico
potente do samba. “Escute o que vou lhe dizer, um minuto de sua atenção...”.
Alguns vão levantando de suas cadeiras e mesas de madeira à um destino qualquer.
23h45min... Cabe mais uma ainda e as pessoas não querem ver o final desse momento.
Todos cantam o refrão em tom firme e meio embolado. Poucos murmuram, as baterias dos eletrônicos descarregam e os copos já estão vazios.
“Não vejo a hora de te encontrar...” e um sorriso seu. “... mas também não tem certeza que sim. Quer saber...”.
Mãos e braços vão ao alto. Olhos se fecham e o violão para agora se encontra, dando espaço para todos os vocalistas.
“Deitado na mesa de um bar, reconheço o teu cheiro a chegar...”.
Alguns vão levantando de suas cadeiras e mesas de madeira à um destino qualquer.
23h45min... Cabe mais uma ainda e as pessoas não querem ver o final desse momento.
Todos cantam o refrão em tom firme e meio embolado. Poucos murmuram, as baterias dos eletrônicos descarregam e os copos já estão vazios.
“Não vejo a hora de te encontrar...” e um sorriso seu. “... mas também não tem certeza que sim. Quer saber...”.
Mãos e braços vão ao alto. Olhos se fecham e o violão para agora se encontra, dando espaço para todos os vocalistas.
“Deitado na mesa de um bar, reconheço o teu cheiro a chegar...”.
sapo_____________________________________14.10.2017
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